Valter Hugo Mãe - A Maquina de Fazer Espanhóis

Esse livro me chegou como chega a maioria dos livros que gosto; por recomendação de um grande amigo no qual confio no gosto literário. Normalmente nestes casos eu nem faço caso de que seja capaz de dizer a qualidade do livro por uma página lida em pé na livraria; compro sem sequer ler a orelha.

O livro conta a historia do senhor silva, que apos perder a esposa - amor de sua vida por 48 anos – é colocado pela família em um asilo. A narrativa se assemelha ao descascar de uma cebola; em cada capítulo m episódio do presente ou passado que vai revelando a personalidade e as ramificações de um silva amargurado, ateu e omisso fascista (?). Ao mesmo o desenrolar emocional transforma-se em uma ode a amizade.

Angolano de nascença, Valter Hugo Mãe empresta o estilo narrativo de Saramago, onde dialogo e narrativa se confundem e clarificam-se umas as outras. Empresta também da prosa poética de Neruda e Mia Couto, com construções que demandam uma pausa na leitura; não para compreende-las, mas sim para evitar que uma outra frase sem a mesma poética lhe enterre de imediato nas linhas lidas.

Mais um autor que entra para o pequeno rol de favoritos, e le-lo se parece com assistir um novo parto da língua portuguesa. Eu sei, parece exagero; mas quem assim falou não fui eu, foi Saramago. Sugiro fortemente que leiam a tirem a prova, que eu vou para o próximo dele que encontrar.

PS - alias a edição brasileira da Cosaicnaify deste livro esta espetacular; obra-prima editorial